Agulhas transformadoras

Semana passada estive de férias e aproveitei para conhecer o Recife. Descansei e visitei lugares incríveis.

Para começar, fui ao Instituto Ricardo Brennand, que conta com um acervo enorme de obras de artes e armas, reunidas por seu fundador, um empresário, engenheiro e colecionador de arte brasileira. 

À primeira vista a visita já vale a pena, porque o lugar é lindo. Lá, além de muitas outras atrações, está instalada uma exposição chamada “Ponto de Não Retorno”, que foi de onde partiu a ideia para esse post. A exposição reúne obras de artistas nascidos ou criados em Pernambuco, que hoje vivem em Paris.

Uma das obras principais dessa exposição chama-se Fortaleza, do artista Jaildo Marinho. É uma instalação composta por 56 agulhas gigantes, fabricadas com madeira de diferentes regiões do Brasil, fincadas em um painel. Assim que eu vi, pensei: “Saí de férias e tentei deixar as agulhas de lado, mas elas não me deixam”. 

Depois da primeira impressão, decidi pesquisar mais sobre a obra. Elaborada inicialmente para uma mostra do artista no Ceará, é uma tradução do interesse de Jaildo pela produção manual, característica do estado. 

Segundo o próprio artista, ele vê as agulhas como um instrumento ancestral. Nas palavras de Jaildo: “Me interessa a quase não necessidade do pensamento, o gesto sistemático, o trabalho com a técnica. Isso me deixou curioso. A mão da artesã funciona sozinha, como se aquele fosse um conhecimento ancestral, como um coração que bate independente de pensamento.”

Achei uma reflexão interessante, o trabalho manual realmente tem o poder de nos fazer entrar no chamado estado de fluxo (ou estado de flow), quando imergimos completamente em uma atividade, encontrando uma sensação de energia, prazer e foco total.

Além disso, é muito comum que o interesse em atividades manuais seja realmente uma questão ancestral. Uma avó, mãe ou tia geralmente são nossas primeiras professoras ou incentivadoras, assim como aconteceu com elas lá atrás, quando eram pequenas. Essa é mais uma riqueza que o artesanato pode trazer para nossas vidas, os laços entre entes queridos que dividem o gosto pelas manualidades.

Não que seja o único caminho, alguns de nós vão se encantar por essas técnicas mais tarde e por outros motivos, mas não importa a maneira como você chega até o artesanato, importa que ele mora no seu coração, assim como no nosso.

Obrigada pela atenção e até a próxima semana!

Beijos!

Aline, do Pontos da Cris

P.S.: Se tiver curiosidade e quiser conhecer mais:

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