Bordado e ansiedade: a técnica como recurso terapêutico

O bordado à mão é muito versátil em termos de aplicação. Com a técnica é possível fazer peças de decoração, customizar vestuário e personalizar itens, entre tantas coisas. Mas o bordado não se limita à questão estética, e pode atuar como aliado na manutenção ou restauração da saúde mental, especialmente quando se trata de ansiedade.

Manifestações artísticas, como é o caso do artesanato, são uma alternativa de comunicação do indivíduo com o mundo. Essa nova forma de interagir é fruto de uma reestruturação interna e permite experimentar a realidade de forma menos dolorosa e ameaçadora. Isso significa um caminho terapêutico para dores e desequilíbrios da mente.

Em geral, as atividades manuais favorecem a concentração e o foco, por sua natureza rítmica e repetitiva. Isso induz um processo meditativo, onde as mãos ocupadas permitem o relaxamento da mente, além de garantir o aperfeiçoamento das habilidades motoras finas e fortalecer capacidades criativas e imaginativas.

Somado a isso, as atividades manuais apresentam um caráter promotor de convívio social. Unidas sob a bandeira da paixão pelo artesanato, e estimuladas pelo aprendizado compartilhado em grupos, as pessoas aperfeiçoam habilidades sociais e o humor, o que ajuda a construir confiança e cria laços enriquecedores.

Segundo Jaci Ferreira, psicóloga clínica, psicanalista e bordadeira, o contato afetivo é o que viabiliza e enriquece o aprendizado. Jaci usa o bordado como ferramenta terapêutica no tratamento de seus pacientes. 

Segundo ela, o bordado propicia recolhimento natural, muito importante nesses tempos de estímulos constantes, além de ser “uma atividade introspectiva que permite uma lenta e gradual imersão em um universo onde a pressa cede lugar ao tempo das memórias, espaço propício à expressão da criatividade”.

Embora todas essas oportunidades envolvidas no ato de bordar sejam facilmente observáveis, elas também puderam ser comprovadas por meio de estudos formais. 

Um deles, realizado por Betsan Corhill, concluiu haver benefícios psicológicos e sociais nas atividades manuais como tricô e bordado, que podem contribuir para o bem-estar e a qualidade de vida.

O bordado e a pandemia do coronavírus

O período da pandemia, com o isolamento social e todas as dificuldades envolvidas, comprometeu a integridade mental e emocional de boa parte da população mundial.

Nos vimos sozinhos, assustados com uma doença desconhecida, impactados por nossas perdas e por perdas alheias. Diante desse cenário, cresceram nossas angústias, ansiedades, medos e manias. Precisamos mais do que nunca olhar para dentro e procurar por algo que nos ajudasse a encarar tempos tão difíceis.

Foi o “boom” das atividades manuais. Muita gente encontrou no bordado uma ferramenta de meditação, autocuidado e expressão. Hoje, ainda que a pandemia do coronavírus pareça cada dia mais controlada, muitos mantém esse hábito, já que bordar é incluir um pouco de leveza no dia-a-dia.

Pontos positivos do aprendizado e da prática do bordado

O bordado à mão é uma técnica apaixonante. Veja as vantagens de incorporá-la sua prática no seu dia-a-dia:

  • Dá para começar investindo pouco – você só precisa dos materiais mais básicos;
  • Aprenda no seu ritmo, faça do seu jeito – escolha o que quer aprender primeiro, que cores, técnicas e estilo mais te encantam;
  • Não precisa sair de casa para aprender – aqui mesmo no Pontos da Cris a gente oferece um catálogo de cursos pra você fazer em casa, não deixe de conferir;
  • Expresse sua identidade – no bordado não existe certo e errado, é um campo livre para expressão de sentimentos e experimentações. Use seus trabalhos como um processo de autoconhecimento;
  • Amantes do bordado, uni-vos! – mesmo bordando em casa, você pode se conectar com pessoas pela internet e fazer amigos. Não esqueça que as trocas de conhecimento e a interação são partes importantes do processo terapêutico.

É preciso fazer uma ressalva…

Diante de tudo que foi escrito aqui, é importante ressaltar que, ainda que desempenhe um excelente papel no apoio ao tratamento da ansiedade e outras questões da mente, a atividade do bordado não substitui o tratamento convencional de distúrbios psicológicos, que deve ser prescrito e acompanhado de profissionais qualificados, como psicólogos e psiquiatras.

Apesar de usufruirmos dos benefícios e sermos defensores do bordado como atividade recreativa, não podemos ser irresponsáveis. Se você está com problemas, procure um profissional de saúde e cuide-se!

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Um beijo e até a próxima semana!

Aline Alcantara

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